Amém, irmãos?
Sendo de família do interior do Espírito Santo, sempre estive em contato com os ares das localidades mais distantes dos centros urbanos. Como se sabe, nessas regiões a população possui, como características, a fé e o engajamento religioso. Lá também é o lugar onde religião e política mantêm-se de mãos dadas, sendo os líderes religiosos peças influentes nos governos e, naturalmente, nos processos eleitorais. Comum ao campo e à cidade, porém, é o fato de, para alguns políticos, o nome de Deus ter transcendido os assuntos de fé e se tornado mero pretexto eleitoral.
Na última semana, um delicado "disse-me-disse" ganhou espaço nas relações Igreja-Política. O fato de um famoso padre aparecer em horário eleitoral dividiu as correntes de pensamento e até mesmo a prória Igreja. Se fosse esse um fato isolado, logo a situação seria apaziaguada e esquecida. Porém, diversos são os candidatos a se lançarem como pessoas de bem, incluindo Deus onde Ele, com certeza, não gosataria de estar. Acompanhar a campanha de algumas figuras políticas mais parece um culto ecumênico. Nesse cenário, dissipam-se mensagens como "Em nome de Jesus", "Com a força do Senhor" e "Deus te abençoe". Em meio às preces e bênçãos, aproveita-se para esconder os escândalos e, principalmente, o desrespeito ao oitavo mandamento: "Não roubarás".
Para se ter uma noção de como a denominação religiosa tornou-se um artifício eleitoreiro, basta analisar as declarações de crença de alguns políticos ao longo da história. No interior, devido à forte tradição, há até pouco tempo os não-católicos praticamente não se elegiam. Logo, todos os candidatos eram católicos "praticantes". Com o crescimento das denominações protestantes no Brasil, declarar certo segmento tornou-se arriscado, pois eleitores de fé distinta acabavam por excluir de suas intenções de voto aqueles que não professassem o mesmo credo. Pelo sim, pelo não, alguns, como Lula, encontraram uma suposta saída que julgaram adequada: declaram-se ateus, embora, no caso de Lula, ele recorra a Deus quando o cerco se fecha.
Nesse Brasil de interesses, no qual a fé se adequa, surge e se esvai de acordo com o cenário eleitoral, e que as piores espécies de corruptos se dizem fiéis filhos de Deus, só tenho, hoje, um conselho a dar: Oremos, irmão, e que Deus nos livre dos hipócritas.
Gabriel Tebaldi Meira - Estudante, 17 anos, votará pela primeira vez em outubro.
Achei muito legal esta opinião quando li na Gazeta de sábado passado. Só no final, quando o Gabriel pede que Deus nos livre dos hipócritas que discordo um pouco.
ResponderExcluirDeus não nos livra dos hipócritas, mas nos mostra quem os são. Cabe a nós fazer nossa parte e denunciar. Nosso Arcebispo, Dom Luiz Mancilha Vilela, mesmo sendo muito atacado e criticado, fez isso, denunciou. Estou com ele!
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