Juventude ativa!

quarta-feira, 9 de junho de 2010


O FUTEBOL E A LITERATURA


Para o brasileiro, é inevitável falar ou ouvir falar de futebol, independente se gosta ou não do esporte bretão. Principalmente em época de Copa do Mundo, fica evidente do porque vivemos no chamado país do futebol. Desde que o inglês Charles Miller desembarcou por aqui, em 1894, trazendo nas mãos duas bolas de futebol, a aceitação popular só fez aumentar. Mas, muito da atual paixão nacional que gira em torno do esporte deve-se aos incentivos – não tão inocentes – de Getúlio Vargas, exímio articulador popular, que construiu o Maracanã e trouxe a Copa de 1950 para o país, fazendo um espetáculo difícil de ser esquecido pela população. Acrescentam-se aí alguns grandes craques como Pelé, Garrincha, Zico e Ronaldo, bem como as vitórias nos mundiais de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 para fazer com que o futebol chegasse ao que é hoje: parte da vida de todos os quem nascem no Brasil. Contudo, o futebol vai além de ser o principal esporte e lazer popular do brasileiro, é apontado como uma das principais formas de alienação e controle das massas, além de movimentar bilhões em capital. Mas o que tem a ver o futebol e a literatura? Quando um esporte exerce tamanha influência a ponto de fazer parte do cotidiano de um país, com os seus termos técnicos como gol, impedimento, drible, atacante, cartão vermelho, pênalti e outros passando para as metáforas populares – como, por exemplo, chegou aos quarenta e cinco do segundo tempo – supõe-se que cedo ou tarde influenciaria artistas, sejam pintores, músicos, escultores e escritores. As obras destes artistas eternizam os seus sentimentos de pessoas comuns sobre coisas comuns, tanto é que grandes nomes da literatura já fizeram lindos gols usando apenas as palavras. Nelson Rodrigues teve até o estilo literário influenciado pelo esporte e escreveu crônicas que são lidas até hoje, anos depois das partidas narradas. E como negar algumas das célebres frases deixadas por ele?

“Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola. A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana. Às vezes, num escanteio bem ou mal batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural.”(RODRIGUES, 1963, p. 99)

E quem nunca esboçou um sorriso maroto com as hilárias crônicas de Luis Fernando Verissimo, como a comparativa "Sexo e futebol"?

“No futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avançam e recuam, quase sempre vão pelo meio, mas também caem para um lado ou para o outro, e às vezes há um deslocamento. Nos dois é importantíssimo ter jogo de cintura.” (VERISSIMO, 2009, p.119)

Acrescente à escalação deste time de escritores que foram craques fora de campo, mas colocaram as suas imaginações lá dentro das quatro linhas, como Flávio Carneiro, Moacir Scliar e Ruy Castro, alguns dos que integram o time de 22 contistas em campo
A grande jogada destes escritores foi fazer a tabelinha entre duas paixões, o futebol e a literatura, imortalizando jogos e jogadores, craques e pernas-de-pau, dribles, firulas, técnicos, juízes e mães de juízes. Assim, transformaram a arte dos pés em arte das mãos, ambas bonitas de serem vistas e capazes de encher de orgulho o coração de quem assiste, seja torcedor, seja leitor. 

Leilaine Chagas
Encontro de Jovens com Cristo - Paróquia São Pedro
Grupo de Jovens JÁ! - Paróquia São José
Grupo de Jovens JUEC - Matriz São Pedro
Colaboradora do blog juventudeativa.com 

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