Juventude ativa!

quarta-feira, 3 de março de 2010

PAPO JOVEM |

 

 

O que você quer saber?

A cada interrogação, uma expectativa. Os donos dos cadernos de perguntas, presentes nos anos 90 em muitas escolas, aguardavam ansiosamente as respostas de seus amigos a perguntas que iam desde "qual a sua cor preferida?" a "de quem você gosta?". As perguntas eram, geralmente, para pessoas da mesma sala de aula ou da turma vizinha. Com a desculpa de responder, muitos aproveitavam para ler as respostas alheias.

Agora, essa é a parte mais fácil graças ao Formspring.me, um versão digital e remodelada desses antigos cadernos. Uma das diferenças, no entanto, é que não é preciso mais desculpas para "espiar": as respostas estão disponíveis até mesmo para quem não faz parte do serviço.

Essa nova onda da web é, na verdade, uma plataforma que permite que qualquer tipo de pergunta seja enviada a quem possui cadastro no site. As respostas, por sua vez, também podem ser expostas nos perfis de outras redes, como Facebook, Orkut, MSN e blogs pessoais.

Ao enviar uma questão, a pessoa pode escolher entre perguntar às claras ou sem se identificar. A alternativa é boa para quem tem receio de esclarecer uma dúvida pessoalmente. Por outro lado, ao receber a pergunta, o usuário pode também decidir se responde, ignora ou mesmo se bloqueia a questão.

O serviço, que cresceu bastante nos últimos meses entre os jovens, já é quase tão popular quanto o Twitter. De acordo com o site Twitterrati, em janeiro de 2010 o microblog contava com 28 milhões de membros em todo o mundo. Já segundo o site Peek Stats, o Formspring.me tinha 24 milhões até o mês passado. Metade desses usuários, no entanto, está nos Estados Unidos.

A estudante Thiara Pagani (formspring.me/thiarapagani), 22, explica o recurso. "Às vezes uma pessoa próxima a você não tem coragem de perguntar algo, mas faz pelo site anonimamente. E também é bom saber algumas coisas de outras pessoas".

Muitas das perguntas, sobretudo as anônimas, giram em torno da vida pessoal. Por isso, Thiara avalia que o serviço pode ser considerado fútil, embora não desinteressante.

Exposição
O risco da exposição excessiva - já que a maioria dos que fazem parte do site também possui Orkut, Twitter e outros serviços - não é ignorado. O estudante Alan Igor Campos (formspring.me/alanigor), 19 anos, acredita que é preciso pensar antes de digitar. "A pessoa tem que saber o que está fazendo para diferenciar o que pode ou não falar. Não sei se pessoas mais novas teriam essa noção."

O universitário Luis Filipe Porto (formspring.me/luisfilipe) , 18 anos, acredita que é tudo questão de escolha. "Você escolhe responder ou não, mas se você responder e se se arrepender, pode apagar depois", explica.

Alan Igor, que está no Formspring.me há dois meses, já passou por uma situação chata. "Uma vez me mandaram várias perguntas anônimas, sugerindo que alguém estava afim de mim. Depois soube que era só uma brincadeira", conta. O mal-entendido foi desfeito ainda na internet, mas no MSN, sem a proteção do anonimato.

Utilidade
Para quem acha que as perguntas por si só são muito superficiais, o especialista e consultor em segurança da informação Gilberto Sudré (formspring.me/gilbertosudre) dá dicas de como aproveitar melhor a ferramenta.

A possibilidade do anonimato pode ser uma aliada para fazer, por exemplo, perguntas à diretoria da escola ou faculdade. "Ele pode servir como caixa de sugestão em empresas ou escolas, para que o diretor responda a perguntas que pessoalmente você não faria. Assim, o site funcionaria como um ?anonimizador?", sugere. Prefeituras e políticos são alguns que tembém têm aderido à plataforma, disponível apenas em inglês, no site www.formspring.me.

Para especialista, site é "espelho" dos usuários
"Um caderno de perguntas às avessas". Assim o professor e coordenador do Laboratório de Estudos sobre internet e Cultura da Ufes, Fábio Malini, descreve o Formspring.me. Ele explica que, antes, o dono do caderno tinha "o poder" de ver as respostas de todo mundo. Agora, são os outros que têm o poder de perguntar. Mas por que alguém iria querer dar esse poder aos outros e um outro ainda maior, que é o anonimato? Para Malini, o Formspring.me funciona como um espelho para os usuários. "É um espelho crítico. Existe um certo prazer na contradição, na crítica e até em estar em uma situação embaraçosa. O humor é uma boa saída para que você não responda alguma coisa", analisa. "De certa forma, quem não entra no Formspring.me é por medo de ver a própria imagem refletida", conclui.

Fonte:gazetaonline.com.br/blogdofanzine
Letícia Gonçalves
lgoncalves@redegazeta.com.br 

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