A TV Record e a Rede Mulher foram condenadas a exibir, por sete dias consecutivos, um programa de resposta com duração de uma hora por discriminação às religiões afro-brasileiras nos programas religiosos exibidos pelas emissoras, particularmente os da Igreja Universal do Reino de Deus. As duas redes de televisão são controladas por Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região manteve a decisão da juíza Marisa federal Cláudia Gonçalves Cucio, da 5ª Vara Federal Cível de São Paulo, que determinou em maio passado que religiões afros têm direito de resposta.

As emissoras também são obrigadas a exibir três chamadas diárias na grade de programação. A multa diária por descumprimento da decisão é de R$ 10 mil.

Segundo a juíza, não teve como negar o ataque às religiões de origem africana e às pessoas que as praticam ou que delas são adeptas. “Nos programas gravados há depoimentos de pessoas que antes eram adeptas das religiões afro-brasileiras e que se converteram; nos templos da nova religião, essas pessoas realizam ’sessões de descarrego’ ou ‘consultoria espiritual’. Assim, é de se concluir que não negam as tradições e os ritos das religiões de matriz africana, porém afirmam que nos terreiros os seguidores praticam o mal, a feitiçaria e a bruxaria”, registrou o despacho.

O programa de resposta, em formato de debate, já foi gravado e conta com a participação de sacerdotes e sacerdotisas das religiões afros, como umbanda e candomblé, além de contar com as presenças de outras entidades religiosas, organizações do movimento negro, do advogado Dalmo Dallari e do arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes.

Procurada pelo Terra, as assessorias de imprensa da TV Record e a Rede Mulher não foram localizadas, por enquanto, para comentar o assunto.

Fonte: Gazeta Online